Mariana de Matos (Maré)
Mariana "Maré" de Matos (Governador Valadares, Minas Gerais, 1987) vive e trabalha em São Paulo. Artista transdisciplinar, mineira do Vale do Rio Doce, Mariana de Matos vem de um território que vive em histórica disputa entre os direitos das populações indígenas e a dívida secular imposta à região pela locomotiva do progresso. Graduou-se em Artes Visuais na Escola Guignard, pela Universidade Estadual de Minas Gerais (2009), sem ter tido, em sua formação, professores negros. Pesquisa, ainda, a contribuição da poesia negra para a decolonialidade no mestrado em Teoria Literária que desenvolve na Universidade Federal do Pernambuco (2020-), sem ter, novamente, professores negros. A artista exercita o tensionamento entre verdade histórica e contranarrativas polifônicas; identidade e hegemonia; relações de poder e novos contornos para antigas estruturas, e investiga as temáticas de representação, imaginário, delírio da modernidade, invenção da diferença, subjetividade, narrativa de si e ferida colonial.
Maré atua a partir de linguagens híbridas, interessando-se pela emoção como sistema de fruição do mundo e situando-se na fronteira entre os campos da imagem e da palavra. Seus trabalhos articulam pintura, costura, interferências em madeira, poesia expandida, arte relacional, instalações, intervenções poéticas urbanas, autopublicações, ações performáticas e fotografia. Fundou o selo de poesia expandida Bendito Ofício (2010) e a organização MUNA (mulheres negras nas artes, 2017). Atualmente, desenvolve o projeto As poetas do Pajeú no sertão pernambucano (Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura). A artista teve seus trabalhos exibidos na mostra individual Como viver do desejo (Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães – MAMAM, Recife, 2016) e em mostras coletivas como: Sertão: Panorama da Arte Brasileira (Museu de Arte Moderna – MAM, São Paulo, 2019), Epistemologias Comunitárias (Centro Cultural da UFMG, Belo Horizonte, 2019); Ontem, hoje, agora (Solar dos abacaxis, Rio de Janeiro); • (Galeria Leme, São Paulo, 2018); Os da minha rua (Museu da Abolição, Recife, 2018); Vetores (Museu Murilo La Greca, Recife, 2018).
Ainda, desenvolveu ações artísticas nos projetos Debates Sertão: Flip encontra Panorama (MAM, 2019); IX sinais na arte (MAM, 2019); Efetividade das artes para descolonização (Centro Cultural Tendal da Lapa, São Paulo, 2019); Projeto Nordeste das Artes (Sesc, João Pessoa, 2019); Confluências (Sesc, Pernambuco, 2019); Quilombo do Pensamento Negro (Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2019); O negro como narrador (Centro de Pesquisa e Formação do Sesc, São Paulo, 2019); Seminário Ebó Egé (Fórum Doc, Palácio das artes, Belo Horizonte, 2018), Como ler Basquiat? (Centro Cultural do Banco do Brasil de Belo Horizonte, 2018), entre outros.