Karola Braga

Karola Braga (1988, São Caetano do Sul, Brasil) é artista e pesquisadora olfativa com Mestrado em Poéticas Visuais pela Universidade de São Paulo (ECA/USP) e Bacharelado em Belas Artes pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP).


Um elemento recorrente em seu trabalho é a esfera olfativa. Os cheiros, carregados de construções simbólicas e culturais e com sua capacidade de evocar memórias — tanto individuais quanto coletivas —, servem como pontes que a artista utiliza para desafiar a percepção e o espaço, criar sensações, acessar lembranças e, sobretudo, contar histórias. Entrelaçando elementos de cultura, química, antropologia e ciência sensorial, sua pesquisa se fundamenta, em grande parte, nos conceitos de presença/ausência e memória/esquecimento.


Recentemente, Karola Braga participou da Desert X AlUla, com um trabalho comissionado pela Royal Commission for AlUla na Arábia Saudita. Foi indicada ao Prêmio Pipa 2024, selecionada para a 27ª Temporada de Projetos do Paço das Artes, expôs na 13ª Bienal do Mercosul, no Brasil, e foi finalista na categoria Sadakichi de Trabalho Experimental com Cheiros na 9ª edição do Art and Olfaction Awards, realizado em Los Angeles. Braga também participou do Programa de Residência na Cité Internationale des Arts em Paris, com apoio da Fundação Armando Alvares Penteado em 2017, e da Residência Kooshk em Teerã, onde foi premiada com o Kooshk Artist Residency Award (KARA 2018). Além disso, foi indicada para o Prêmio CIFO Grants & Commissions Program 2020, em Miami, e para o Prêmio de Arte Bloom Weihenstephaner 2019, em Colônia.

Título da obra: Iapoti’kaba

Ano: 2024

Técnica: tecido voal, bambu e fragrância encapsulada na fibra têxtil, com cheiros de terra, mato, madeira, flor da jabuticabeira, fruta jabuticaba e jabuticaba em decomposição.

Dimensões: 220 x 530 x 470cm

A jabuticabeira, rica em histórias e significados, é uma árvore profundamente conectada às paisagens e culturas que atravessam o Brasil. Seu nome em tupi, iapoti’kaba, pode significar “fruta em botão” ou “lugar do jabuti”, revelando sua conexão simbiótica com o ambiente e os seres ao seu redor. Cíclica por natureza, sua fruta madura se rompe para possibilitar novos ciclos de vida.

Na instalação “Iapoti’kaba”, o público é convidado a percorrer uma espiral de aromas que captura o ciclo vital da árvore, perpassando terra, mato, madeira, flor, fruto e decomposição. Cada cheiro evoca o fluxo contínuo entre seres e tempos, sugerindo que vida e morte são partes inseparáveis e complementares de um mesmo processo. A jabuticabeira, com sua presença invisível, conecta mundos e nos convida a repensar nossas relações com o não-humano.

A obra também carrega uma memória pessoal: a jabuticabeira da infância, lugar de descoberta e refúgio, agora ausente, mas que persiste na memória olfativa. Os cheiros tornam-se uma ponte entre tempos e espécies, reafirmando as conexões que resistem ao esquecimento.

© 2024 Copyright Elo3 – Desenvolvido por Estúdio 334