Com um trabalho curatorial pensado ao longo de um ano e uma instalação realizada em apenas quatro diárias, a montagem realizada no Parque Ibirapuera pode ser considerada um dos maiores desafios da 10ª Mostra 3M de Arte – Lugar Comum: travessias e coletividades na cidade. Entre os dias 3 e 6 de novembro de 2020 foram instaladas as dez obras inéditas da elaboradas ao longo de quase seis meses. Período que, em razão da crise sanitária, vale relembrar, foi marcado pelas restrições aos encontros presenciais, pela instabilidade e pela dificuldade de serem encontrados determinados materiais e serviços necessários para a materialização das obras, mas que, no entanto contou com a força de muitas trabalhadoras e trabalhadores da arte. São elas/es montadores, iluminadores, eletricistas, pintores, marceneiros, serralheiros, pedreiros, jardineiros, biólogos, arte-educadores, pesquisadores, equipe de transporte, equipe de gráfica, equipe de limpeza, técnicos e designers de som, músicos, compositores, operadores de drones,engenheiros, produtores, arquitetas/os, pessoas imprescindíveis para a concretização de qualquer projeto expositivo, mas que nesta Mostra tiveram que, além de contornar as dificuldades de um contexto conturbado, transitar, ir e voltar, ao longo de uma área de 1.584.000 m², terreno do Parque Ibirapuera.
Insistimos portanto em ressaltar nosso agradecimento a todas e todos que estiveram de alguma forma envolvidos nessa realização que foi feita a várias mãos e a seguir apresentaremos alguns registros fotográficos realizados durante a produção das obras e da montagem no Parque.
Camila Sposati – Teatro parque arqueológico , 2020
Nas imagens que seguem abaixo podemos ver momentos da construção estrutural do Teatro Parque Arqueológico. O registro mostra parte dos colaboradores da FREMIX, empresa que apoiou o projeto da Camila Sposati. Foi um intenso trabalho instalativo que contou com 13 caminhões de terra e uma equipe de quase 15 trabalhadores durante todos os dias de montagem.
Cinthia Marcelle – Geografia, da série Unus Mundus (São Paulo), 2020
Durante a montagem de sua obra, Cinthia Marcelle fez uma parceria com a associação Casa Chama. Ela alugou um espaço na associação para realizar a pré-montagem da obra. Neste processo, três pessoas trans, assistidas pela instituição, foram contratadas para trabalhar na construção do trabalho junto à artista. Presentes desde a preparação das mangueiras até a finalização da montagem, que teve a coordenação de produção de Hellena Kuasne.
Com quase trinta metros de extensão a obra Geografia, da série Unus Mundus (São Paulo) sofreu com a falta de conectores de ferro, o material estava em falta no mercado em razão da redução da importação de alguns insumos manufaturados da indústria durante a pandemia. A solução encontrada por Cinthia foi a substituição dos conectores feitos em plástico, uma alteração que respondia à nova conjuntura.
Coletivo Foi à Feira – Objeto Horizonte, 2020
O projeto do Coletivo pode ser dividido em três partes de produção. Ele se inicia com a captação de áudio de entrevistas com trabalhadores do Parque Ibirapuera. Em seguida, o Foi à Feira construiu e programou uma aparelhagem de captação de som automática mediante acionamento por aproximação (imagem 10) e por fim a construção de uma armação em ferro que pode ser vista abaixo nas imagens 8 e 9 . À estrutura ainda seriam acopladas caixas de som que serviriam para emitir as falas gravadas dos visitantes mixadas a outras sonoridades.
Diran Castro – ENTRE O MUNDO E EU / A CAMINHO DE CASA, 2020
Abaixo vemos partes de algumas armações ainda sem cobertura de ENTRE O MUNDO E EU / A CAMINHO DE CASA. Nas imagens 12 e 13 é possível ver o trabalho estrutural no interior da obra que teve o desenho técnico realizado pela arquiteta Chris Rubio e produção de Magno Queiroz. Na obra a artista construiu módulos que fazem referência a moradias urbanas em favelas e portanto ela utiliza materiais usados na construção civil de baixo custo. O trabalho foi inteiramente montado dentro do ateliê e em seguida desmontado e remontado no espaço do parque.
Gabriel Scapinelli e Otávio Monteiro – [terra>tijolo=forno]+farinha*pão, 2020
Na imagem 15 e 16 vemos os artistas trabalhando na finalização da estrutura do forno, parte da obra [terra>tijolo=forno]+farinha*pão. O projeto que tinha como ponto de partida a concepção, a construção e o funcionamento de um forno ambulante em alvenaria teve a parceria da CASA 1 Centro de Cultura e Acolhimento LGBT. Neste local, o forno foi utilizado em um curso de capacitação de padeiros e formação de uma futura padaria. Na imagem 17 vemos em construção a segunda parte do trabalho, uma escultura-mobiliário feita também em alvenaria e que funcionou como suporte nos dias em que o forno estava no parque e uso livre para o público do parque e visitantes da Mostra.
Lenora de Barros – O QUE OUVE, 2020
A instalação sonora realizada por Lenora de Barros teve o tratamento do som criado pelo músico e compositor Cid Campos. Na imagem 18 vemos um registro do momento da construção da plataforma que faz parte do trabalho e nas 19 e 20 a instalação da estrutura no Parque na qual vemos inscrito o título-poema: O QUE OUVE. A instalação de Lenora contou ainda com o apoio de dois pilotos durante toda a Mostra, eles guiaram um drone que ecoava uma construção poética desenvolvida pela artista durante a pandemia.
Luiza Crosman – O mundo versus o planeta, 2020
O trabalho de Luiza Crosman é dividido em três frentes: uma delas, a instalação visual que ocupou o espaço da antiga serraria no Parque Ibirapuera é a impressão de desenhos esquemáticos da artista sobre lonas de grandes dimensões na qual vemos os registros da montagem nas imagens 22, 23 e 24.
Maré de Matos – Púlpito público, 2020
Repensado ao longo dos últimos meses, o projeto de Maré de Matos foi adaptado ao contexto pandêmico, nessas adaptações a artista fez a inclusão de um recurso para impossibilitar o acessos dos visitantes além da incorporação de dispositivos sonoros. Na imagem 25, realizada durante a montagem no Parque Ibirapuera, vemos a estrutura do Púlpito Público ainda sem as adaptações que podem ser visualizadas na imagem 27 que mostra a obra com montagem finalizada.
Narciso Rosário – Canteiro suspenso, 2020
Abaixo, na imagem 21 e 22, vemos o artista e a produtora e educadora Railane Raio trabalhando no acabamento dos canteiros desenhados por Narciso. A instalação continha também um canteiro central que foi construído à maneira tradicional feito com sobras de galhos e que foi montado pelo próprio artista diretamente no local da obra. Na imagem 30 vemos o artista durante a seleção das plantas para os canteiros.
Rafael RG – O Brilho da liberdade diante dos seus olhos, 2020 e Astral, 2020
Para desenvolver a obra O Brilho da liberdade diante dos seus olhos, que se constitui como um painel luminoso, Rafael RG contou com a colaboração do também artista Diego Crux. Já em Astral, RG convidou o artista podeserdesligado e a astróloga Júlia Francisca para juntos pensarem e criarem uma instalação sonora em diálogo com o Planetário do Parque.
***Crédito da imagem da capa – Foto por Railane Raio – registro realizado durante a montagem da obra Canteiro Suspenso de Narciso Rosário.
Por Khadyg Fares