Amanhã, 5ª feira, dia 03 de dezembro de 2020, a artista Luiza Crosman fará junto à antropóloga Alice Noujaim e ao sociólogo Guilherme Marcondes o lançamento público da grade curricular desenvolvida ao longo dos últimos meses e que se constitui como a terceira parte do projeto O mundo versus o planeta. A fala que se iniciará às 19h será realizada através da plataforma zoom. O debate será aberto para público que poderá interagir, conversar e discutir as questões e dúvidas sobre a proposta.
Link para participar da conversa: https://us02web.zoom.us/j/84121872305
Link de acesso para a grade curricular: https://docs.google.com/document/d/1GrN0dYBDiN1avKNZWV39d_zaNXr39bDl1Bf50xa3u_s/edit
Idealizado para a 10ª Mostra 3M de Arte – Lugar Comum, o projeto O mundo versus o planeta, 2020 foi desenvolvido de maneira interdisciplinar, unindo o design gráfico, a arquitetura, a especulação científica e as diretrizes de ensino em arte. Visando uma espécie de radiografia do nosso entendimento de “mundo, a obra explora as condições a partir das quais compreendemos a “Terra como Terra – superfície onde habitamos; o globo – relações políticas, técnicas, econômicas e sociais internacionais; o mundo – dimensão experiencial da vida humana; e o planeta – objeto rochoso astronômico e seus sistemas naturais”, nas palavras de Luiza.
O trabalho é dividido em três frentes: uma instalação visual que ocupa o espaço da antiga serraria no Parque Ibirapuera; a tradução para o português de três textos de referência para o debate levantado pelo projeto e o desenvolvimento de uma grade curricular propositiva para o ensino de arte. Esta última, lançada no último dia 30 de novembro, pode ser acessada online (link acima) e se constitui como um currículo complementar para o ensino de arte. Desenvolvida em colaboração com Alice Noujaim e Guilherme Marcondes, Luiza buscou por meio deste trabalho desenvolver uma ferramenta de mapeamento e uma forma de “isca” para colocar questões, pessoas e instituições em contato, como um primeiro passo para formar uma plataforma distribuída em direção ao desenvolvimento de um sistema de arte mais saudável e em diálogo com outros campos do conhecimento. Neste intuito a artista vinculou amplos assuntos, que vão desde a Constituição Brasileira, até tecnologias emergentes, passando por questões planetárias. Os currículo se articula em cinco temas: SISTEMA, REDISTRIBUIÇÃO, INFRAESTRUTURA, ESCALA e TECNOLOGIA, em torno dos quais se estruturam 47 sugestões de ementas e inclui ainda uma lista bibliográfica com cerca de 240 itens.
Já as traduções de textos coordenadas por Luiza, que também estão disponíveis online, são outro desdobramento da obra. Elas fazem parte de um projeto mais amplo que a artista mantém desde 2018 em colaboração com a Zazie Edições, a coleção TRAMA. Neste projeto editorial, o objetivo é promover a tradução e a difusão de textos e ensaios em edições digitais que possam ser acessadas gratuitamente. As traduções são viabilizadas com recursos institucionais do campo artístico em projetos a princípio destinados às artes visuais, estabelecendo assim pontes entre produção visual e reflexão teórica. O ensaio “O planeta: uma categoria humanista emergente” de Dipesh Chakrabarty é o primeiro de três textos que serão traduzidos dentro do projeto para a Mostra Lugar Comum. Segundo a artista, o ensaio é “uma contribuição fundamental para a reflexão contemporânea sobre os desafios antropológicos e epistemológicos propostos pela crise que afeta o lugar humano no sistema climático planetário, agora compreendido como uma força geológica.”
Para a instalação visual, Luiza desenvolveu grandes painéis em lona com desenhos impressos realizados a partir de suas pesquisas em torno dos campos interdisciplinares os quais pensam formas de dissolução entre o artificial e o natural, e que portanto propõem uma mediação alternativa possível para o futuro. Cortados em formato de derivações de curvas matemáticas, e dispostos de modo a compor uma espécie de quebra-cabeças, os painéis se integram à paisagem do parque. Eles foram instalados na antiga serraria do Ibirapuera, um dos únicos resquícios de construção que restam da época anterior à fundação do parque.
***créditos da imagem da capa: Por Karina Bacci – Registro da obra O mundo versus o planeta