Constituída como uma exposição de arte pública, a 10ª Mostra 3M de Arte – Lugar Comum: travessias e coletividades na cidade, teve ao longo sua elaboração um grande desafio: pensar o comum e a coletividade, em momento em que o estar junto não era recomendável. Diante do avanço da contaminação do novo coronavírus e o isolamento social sendo a medida mais efetiva para a contenção da transmissão da covid-19, muitos de nós, os que podiam, fomos levados a mudar nossa relação com o espaço público e com cidade, temas também pautados pela exposição. Restaurantes, bares, estabelecimentos comerciais e locais que poderiam induzir à aglomeração de pessoas foram interditados, assim como os parques, os museus e os equipamentos culturais também tiveram de ser fechados. Por cerca de seis meses muitos de nós estivemos totalmente isolados. A nova condição alterou quase completamente nossas formas de vida, isso inclui o trabalho, o estudo, o lazer e as relações sociais e transformou a nossa relação com a arte que passou, a ter de encontrar soluções de transmissão alternativa, muitas vezes tendo as obras musicais, das artes performativas e das artes plásticas transportadas para o espaço online.
Foi tomado por esse contexto diverso que grande parte da construção dessa 10ª Mostra foi realizada. Sem poder fazer reuniões presenciais, a forma de comunicação com as/os artistas e entre as equipes da mostra teve de ser via as plataformas de vídeo chamada amplamente utilizadas durante a pandemia.
Na imagem acima, vemos uma fotografia da tela do computador que registra uma de nossas reuniões com as/os artistas.. Naquele momento, no início do mês de agosto, todas/as estavámos muito preocupados e angustiados como os altos índices de contaminação e morte que ocorriam no país. Houve muitos questionamentos e se cogitou até em um possível cancelamento da exposição ainda neste ano de 2020, uma escolha ligada a responsabilidade com o outro, com o visitante e as consequências que a instalação de uma obra/exposição poderia ocasionar.
O que foi mais surpreendente é que a cada reunião o tema da coletividade era ainda mais latente. Pensar o comum parecia nunca ter sido tão urgente como está sendo hoje. Como relação ao desenvolvimento das obras, as/os artistas foram, ao longo do período de confinamento, atribuindo camadas de significado a seus projetos que inevitavelmente foram informados pela nova conjuntura. O resultado pode ser visto no Parque do Ibirapuera que pôde reabrir em 23 de setembro graças à diminuição dos números de contaminação e é onde residem até de dia 06 de dezembro as 10 obras inéditas da Mostra.
Credito da imagem: Print da tela do computador da curadora Camila Bechelany realizado durante a reunião com as/os artistas em 5 de agosto de 2020.